30/04/2024 16:24:15
O Abril Indígena é um mês de resistência voltado para a visibilidade e fortalecimento das lutas e conquistas dos povos originários. Ao longo deste período, uma série de atividades foram realizadas pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), através do Núcleo de Direitos Humanos (NDH). Entre elas, a gravação de mais um episódio do Podcast Pluralidades, que pode ser conferido aqui.
No dia 25, aconteceu a palestra intitulada “Direitos e ameaças dos povos indígenas no Brasil”, com a Diretora do Programa de Povos Indígenas da CI-Brasil, Renata Pinheiro. Segundo o professor Felipe Cavalieri Tavares, coordenador do NDH no Unifeso, a palestra contou com alunos de diversos cursos que aprenderam sobre os grandes desafios que a população indígena precisa superar para ver os seus direitos fundamentais garantidos. “Em especial, é claro, o direito à terra, previsto na Constituição de 88 e alvo constante de invasões por parte de garimpeiros", destacou.
Com o objetivo de estreitar os laços dos membros e monitores do NDH com a cultura e a situação dos povos originários no Brasil atual, no último sábado, dia 27, foi realizada outra atividade: a visita à Aldeia Maracanã, localizada no bairro do Maracanã, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Trata-se de uma aldeia urbana e pluriétnica que representa um importante ponto de encontro e resistência para diversas comunidades indígenas. A visita técnica proporcionou aprendizados sobre a cultura indígena e as dificuldades de acesso dessas pessoas a direitos fundamentais. Participaram membros e monitores do Núcleo de Direitos Humanos (NDH), juntamente com alguns estudantes do Unifeso. A visita guiada foi conduzida por Júlia Otomorinhori'õ Xavante, educadora e integrante do povo Xavante.
Na oportunidade, os visitantes conheceram diversos aspectos da vida na aldeia, incluindo o prédio onde outrora funcionou o Museu do Índio; o projeto “Universidade Indígena Aldeia Maracanã”, que oferece diversos cursos de inserção nas culturas indígenas, como oficinas de cantos indígenas e curso de Língua e cultura Tupi Guarani, e a exposição de arte intitulada “A minha força vem dos meus ancestrais”. Também puderam aprender conceitos da medicina indígena com o Pajé Kajanã Tupinikins e, sobretudo, mergulhar na riqueza das diferentes culturas representadas na aldeia.
Antes de encerrar a visita, todos participaram de uma enriquecedora roda de conversa com o antropólogo João Ticuna, cujo tema foi “O indígena na academia”. Durante o diálogo, João compartilhou suas experiências e sua trajetória desde a graduação até o momento atual, em que se encontra como doutorando, proporcionando insights valiosos sobre a presença e o papel dos povos indígenas no contexto acadêmico. “Além da programação dedicada ao mês de abril, a visita possibilitou uma inserção no cotidiano da aldeia, já que visitamos a cozinha, interagimos com os animais que lá estavam e tivemos oportunidades de dialogar com quem ocupa aquele território”, completou o professor Felipe.
Para ele, o que marca esse evento é “a necessidade de nos aprofundarmos na luta dos povos originários que ainda sofrem, significativamente, com a violência física e simbólica do governo e com o descaso da população brasileira com relação à produção intelectual, que é de uma potência tão significativa que devemos adotar o compromisso ético e político de buscar, ativamente, valorizar e divulgar esses saberes ancestrais”, concluiu.
Por Giovana Campos