28/03/2024 17:08:07
Atualizado em 28/03/2024 17:13:00
O professor Frederico Kochem, do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), em Teresópolis, participou do 5º Congresso de Performing Arts Medicine na University of South Florida, nos Estados Unidos, entre os dias 8 e 10 de março deste ano. O evento aprofundou conhecimento sobre o tema ‘Empoderando Práticas Saudáveis para as Artes Performáticas”. O estudo realizado pelo professor levantou a vertente "Symphony of Struggles: Unveiling Pain and Performance Anxiety among Brazilian Orchestral Players" (Sinfonia de Lutas: Desvendando a Dor e a Ansiedade de Desempenho entre os Músicos Orquestrais Brasileiros).
O congresso reuniu profissionais e pesquisadores de diversas origens, como Estados Unidos, Canadá, China, Dinamarca e Polônia. ”O congresso foi uma experiência ímpar. Não há no Brasil conferências sobre este tema tão relevante. Estima-se que haja mais de 150.000 músicos profissionais no Brasil, mas o cuidado com a saúde destes trabalhadores ainda é muito precário”, contou Frederico.
Os dois pontos do estudo: dor e ansiedade, foram vividos por ele ainda na infância, quando tocava Flauta Transversal. “Eu cresci em uma família de musicistas e iniciei meus estudos com oito anos de idade, mas sempre que eu estava tocando sentia dores e ficava muito ansioso pelas apresentações. Perguntava aos meus colegas se eles tinham os mesmos sintomas que eu. Por isso, decidi cursar Fisioterapia para ajudar os meus colegas músicos a entender o porquê destes sintomas e como tratá-los”, confessou.
Cerca de 273 músicos profissionais de orquestra participaram do estudo. O resultado da pesquisa foi alarmante. 93% dos instrumentistas relataram sentir dor durante a prática musical, e 60% deles apresentaram sintomas moderados ou graves de ansiedade de palco.
O doutor Frederico Kochem foi o único participante da América Latina no congresso. A participação dele foi fundamental para enriquecer o diálogo e impulsionar o progresso neste campo, porém ainda há muito a ser debatido e estudado. “Precisamos encontrar meios de agir para evitar o acometimento do músico devido a atividade profissional e garantir condições de trabalho compatíveis com a saúde, especialmente no Brasil onde o músico não é visto como um trabalhador, mas sim como alguém que tem um hobby e faz o que gosta. O músico profissional tem uma demanda física e psicológica tão grande quanto um atleta de alto rendimento. No entanto, os atletas têm, reconhecidamente, suporte à saúde. Os músicos não”, lamentou o fisioterapeuta e músico.
Por Paola Oliveira